2010: o ano em que o Facebook questionou a supremacia do Google

De Charlotte Raab (AFP)

NOVA YORK — Até agora soberano na internet, o Google contará, de agora em diante, com a concorrência do site de relacionamentos Facebook, que em apenas seis anos conseguiu pôr em dúvida a supremacia do site de buscas com uma visão radicalmente diferente do que os internautas procuram.

O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, reconheceu no começo do mês que "está claro que há âmbitos nos quais as duas empresas concorrem".

Zuckerberg, o milionário mais jovem do mundo, que aos 26 anos tem uma fortuna estimada em 6,9 bilhões de dólares, não nega que seu objetivo seja "conquistar toda a internet", declaração atribuída a ele por uma jornalista da rede americana CBS.

Para alguns, a ascensão do Facebook marca o advento de "uma segunda internet".

"Poderia ser mais valiosa que a primeira porque estamos todos interconectados", disse Luo Kerner, analista especializado da firma de corretagem Wedbush Securities.

O site de relacionamentos é, de fato, o contrário do Google, que promete neutralidade nas informações fornecidas, com uma oferta adaptada automaticamente ao que o internauta divulga sobre seus hábitos de consulta.

O Facebook, criado em 2004 como ferramenta de socialização para estudantes da universidade de Harvard, dá informações que, por definição, são personalizadas porque são pré-selecionadas pelos próprios internautas e sua rede de "amigos", o que Zuckerberg chama de "grafo social, a cartografia digital das relaçções reais das pessoas".

Esta diferença parece ter agradado: o Facebook conta, hoje, com mais de 500 milhões de usuários cadastrados.

A empresa ComScore atribui uma clara vantagem ao Google (cerca de 977 milhões de visitantes únicos em outubro em todo o mundo contra 633 milhões para o Facebook), mas também notou que, em setembro, os internautas ficavam mais tempo nas páginas do Facebook do que nos sites do Google.

Desde a primavera boreal, o Facebook também multiplica as inovações que o situam nos domínios do Google: seu serviço de mensagens, com endereço @facebook.com fornecido aos usuários, poderia vir a ter o poder do gmail. Sua função "procurar" é um motor de buscas em pequena escala, e as respostas às perguntas dos internautas já não são fornecidas por algoritmos, mas por sugestões dos membros do Facebook.

Tudo isto leva alguns observadores a concluir que Facebook e Google, que tem o dobro do período de existência do primeiro, iniciaram uma disputa acirrada, em particular no campo do recrutamento: 200 funcionários do Facebook, isto é, 10% de seu pessoal, são ex-"googlers", e o Google teria decidido dar um aumento generalizado de salários de 10% para deter esta hemorragia.

Apesar de tudo, o Facebook não deteve a expansão do Google, mas agregou uma novidade que "aumentou o bolo da internet", segundo Kerner.

"Os anunciantes não decidem fazer suas campanhas no Facebook no lugar do Google, mas no lugar da mídia tradicional", explicou Danny Sullivan, chefe de redação do site SearchEngineLand.com.

Além disso, a expansão do Facebook serve também a alguns interesses do Google: seus fundadores, Larry Page e Serguei Brin, podem dizer facilmente às autoridades que garantem a livre concorrência, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, que têm um concorrente forte, acrescentou Sullivan.

Finalmente, não desagrada em nada ao Google que os defensores da confidencialidade de dados pessoais tenham no Facebook um novo alvo.

Em qualquer caso, a empresa de Zuckerberg ainda não está em condições de fazer desaparecer o Google, que tem dez vezes mais trabalhadores e que, segundo os analistas, pode chegar a ter um volume de negócios de 22 bilhões de dólares este ano, ou seja, cerca de 21 bilhões de dólares a mais que o Facebook.

Fonte: Google Notícias

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