QUERO UM PEDAÇO

Dá-me:
Um pedaço de pão
Um pedaço de ternura e calor
Uma fatia de mimo,
Um pouco de valor,
Se for de pão,
não olharei pela dimensão!
Nem olharei pela natureza
Não me importa se o diabo provou a poção ou não
O que me importa é esse pedaço que tanto me faz falta.

Tentei de tudo para não sentir essa falta
Mas de que me serve viver no isolamento solitário?
Quisera ter uma chance, uma oportunidade nesta incerteza do amanhã
Vacilei, fracassei e sofri por tanto procurar esse pedaço.
Esse pedaço de pão, um tanto pouco de tanto querer
Esse pedaço de chance, um quase nada de tanto procurar
Esse pedaço de carinho, algo que senti há mil anos
Esse pedaço de oportunidade, que nesta terra é palavra ignorada!

Imploro, quero esse pedaço de pão,
Preciso desse pedaço de carinho
Necessito desse pedaço de chance que tu me rejeitas
Esse pedaço de oportunidade que tu me proíbes
Não me deixe mais viver esta eterna angústia
Vivo tão cansado de ser ignorado pelos meus,
Se houvesse uma brecha de nuvens, ai juro por Deus,
Eu fugiria até aos céus,
Para evitar estar dor que vem do fundo do meu âmago!

Vivo nesta vila,
Farto de uma vida infrutífera
Farto daquele que tanto me odeia,
Farto deste mundo vão e inútil
Farto deste samaritano que me quer morto
Farto deste outro que me nega a vida,

Tentei, em vão, lutar por minhas próprias mãos!
Pensei que pudesse superar a vida pela fé,
Mas aqui, a res publica não é dada pela res cogitas!
Tudo o que ganho são apenas penúrias,
Um tudo que resulta do meu diário suor,
Nada me tem o verdadeiro sabor que desejo.

Verti rios de lágrimas,
E vejo que continuo na mesma:
Ignorado por todos,
Odiados por muitos
Abandonado no deserto!
Se tão perto do céu eu vivesse,
Diria a Deus que me acolhesse,
Para me livrar das trevas desta vila,
Que tanta noesis por ela eu apliquei,
E apenas tristezas dela eu abracei.

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