"Você jamais deve descer da cruz", diz cardeal polonês ao sugerir que Bento XVI deveria ficar no cargo até a morte
Ao comentar a renúncia do papa Bento 16, anunciada na última segunda-feira (11), o cardeal polonês Stanislaw Dziwisz disse durante entrevista a uma rádio local que um pontífice jamais deveria "descer da cruz".
A declaração, que causou a fúria de muitos fiéis, foi feita após a comparação de Bento 16 com o seu antecessor João Paulo 2º, que continuou no cargo mesmo diante de uma morte "longa e agonizante" provocada por uma doença de Parkinson.
Um porta-voz do Vaticano, no entanto, disse que a afirmação de Dziwisz tinha sido mal interpretada. Já o cardeal, que foi secretário de João Paulo 2º, disse que não tinha a intenção de criar qualquer polémica.
A renúncia
O papa Bento XVI anunciou sua renúncia na última segunda-feira em um discurso pronunciado em latim durante um encontro de cardeais no Vaticano. Ao justificar sua decisão, o pontífice de 85 anos alegou fragilidade por conta da idade avançada.
ENTENDA O PROCESSO SUCESSÓRIO DO PAPA
Quando o chefe da Igreja Católica renuncia a sua função ou morre, seu sucessor é eleito pelos cardeais reunidos em conclave na Capela Sistina, onde ficam isolados do mundo exterior.
Há um total de 116 cardeais aptos a votar no conclave.
Para poder votar na escolha do papa, o cardeal precisa ter menos de 80 anos.
Há um total de 116 cardeais aptos a votar no conclave.
Para poder votar na escolha do papa, o cardeal precisa ter menos de 80 anos.
"Após ter examinado perante Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino", disse o papa.
O pontífice afirmou ainda que "no mundo de hoje (...), é necessário o vigor tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de tal forma que eis de reconhecer minha incapacidade para exercer bem o ministério que me foi encomendado". "Por esta razão, e consciente da seriedade deste ato, em completa liberdade, eu declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro", acrescentou Bento 16.
O Vaticano negou que uma doença tenha sido o motivo da renúncia. Mas, segundo o jornal "O Estado de S.Paulo", uma disputa interna de poder praticada por ex-aliados nos últimos meses pode ser uma das razões para a tomada de decisão do pontífice. Esta é a primeira vez na era moderna que um papa da Igreja Católica renuncia ao pontificado.
A renúncia de bento 16 será oficializada no dia 28 de Fevereiro E o cargo ficará vago até a eleição do próximo papa. A expectativa é que o Conclave de cardeais, eleja um novo papa ainda em Março, antes da Páscoa. O Vaticano anunciou que a eleição deve começar entre 15 e 20 de Março.
Cinco cardeais brasileiros deverão participar do conclave. Segundo a última lista do Vaticano, há um total de 116 cardeais aptos a votar no próximo papa. Para participar da papa, o cardeal precisa ter menos de 80 anos. O Brasil tem um total de nove integrantes no Colégio Cardinalício do Vaticano, mas quatro deles já ultrapassaram a idade limite.
Em sua primeira aparição pública desde o anúncio da renúncia, o papa Bento XVI disse que tomou a decisão "pelo bem da igreja". Bento XVI agradeceu pelo "amor" e apoio dos fieis.
"Queridos irmão e irmãs, como sabem, decidi renunciar ao ministério que o Senhor me confiou em 19 de Abril de 2005. Faço isso em plena liberdade pelo bem da igreja, depois de ter rezado muito e após examinar minha consciência diante de Deus, ", declarou Bento XVI diante de um salão lotado com cerca de 10 mil pessoas no Vaticano, onde foi ovacionado.
'Hipocrisia religiosa'
O papa Bento 16 denunciou durante a homilia da missa da Quarta-Feira de Cinzas "a hipocrisia religiosa" e a busca por "aplausos e aprovação".
Ainda no sermão, o pontífice defendeu que o "caminho penitencial" da Quaresma não deve ser feito pelo cristão sozinho, mas "juntos, irmãos e irmãs, na Igreja". Em seguida, citou as "divisões no corpo eclesial", a necessidade de fortalecimento da Igreja e defendeu que "viver a Quaresma numa mais intensa e evidente comunhão eclesial, superando individualismos e rivalidades, é um sinal humilde e precioso para aqueles que estão distantes da fé ou indiferentes".
Em referência ao apóstolo Paulo, lembrou que ele "denuncia a hipocrisia religiosa, as atitudes que buscam aplauso e aprovação" e pediu que o testemunho mais incisivo do cristão é o de quem "não serve ao mesmo e ao público, mas ao Senhor". Ao final da homilia, Bento XVI pediu que os católicos iniciem a Quaresma "confiantes e alegres".
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Uol Notícias Internacionais, dia 21.02.2013
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