A organização não-governamental holandesa Mars One quer colocar seres
humanos em Marte em 2023, tendo lançado na segunda-feira um programa de
recrutamento de voluntários.
Até às 15h30 de hoje havia apenas cerca de 50 pessoas inscritas como voluntárias para ir a Marte no site oficial do projeto,
que foi apresentado na segunda-feira, numa conferência de imprensa em
Nova Iorque. Na ocasião, Bas Landsdorp, fundador da Mars One, explicou
que a organização já recebeu "dez mil 'emails' de pessoas de mais de
cem países que estão interessadas em juntar-se à missão", mas no site
em que cada um dos interessados se deverá inscrever o número ainda é
reduzido e sem nenhum português inscrito.
Os candidatos a
astronautas terão que ter mais de 18 anos, com capacidade de criar e
manter relacionamentos, que sejam capazes de auto-análise e confiança,
que sejam curiosos, criativos, flexíveis e desembaraçados, que tenham
noções básicas de inglês e que tenham a plena noção de que esta poderá
ser uma viagem sem regresso à Terra.
As candidaturas estão
abertas até 31 de agosto. No total, a organização procura 24
astronautas, que serão enviados para Marte em grupos de quatro (dois
homens e duas mulheres, para que possam reproduzir-se), para estadias
de sete meses. O primeiro grupo parte para Marte em setembro de 2022.
De dois em dois anos será enviado um novo grupo, que no Planeta
vermelho viverá em casas de 50 metros quadrados e cultivará os seus
próprios alimentos.
Os
astronautas selecionados serão treinados entre 2016 e 2021 em
compartimentos que simularão as condições físicas e atmosféricas
marcianas.
Os finalistas serão escolhidos pela Mars One e através de um programa televisivo.
Há
a possibilidade de a estada em Marte também ser filmada, pelo que este
projeto se poderá transformar numa espécie de "Big Brother" feito no
espaço.
Com um orçamento de 4,6 mil milhões de euros, o programa da Mars One é
apadrinhado pelo holandês Gerard't Hooft, Nobel da Física em 1999.
"Isto
parece muito dinheiro, e na verdade é muito dinheiro, mas imaginem o
que será quando a primeira pessoa pisar Marte. Toda a gente do globo,
literalmente, vai querer ver", sublinhou Landsdorp.
O programa tem sido visto com reservas e algum ceticismo, porque a
própria agência norte-americana NASA até agora apenas conseguiu enviar
um veículo robotizado para o planeta vermelho. Há ainda muitas
questões por responder no que toca a um programa espacial com humanos em
Marte, relacionados com as condições de sobrevivência no planeta.
Fonte: Sofia Fonseca/Lusa: Diário de Notícias, Portugal
www.dn.pt/ciencias, dia 26-04-2013, às 10:20"
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